A
Gestante
Em uma pequeníssima
vila do sul do país, vivia em uma comunidade alternativa, um anão, um velho
erudito, dois vendedores de sonhos, três desertores do exercito, uma ninfa do
bosque, uma dançarina do véu, e uma domadora de feras cega. Eles viviam em
completa harmonia, até que a ninfa apareceu grávida. Como nenhum dos homens
quisera assumir a paternidade da futura “criança”, o delegado de policia foi
chamado. O homem todo vestido de negro chegou à vila em mutismo absoluto. Com
uma folha de papel as mãos, mandou que os homens ficassem em fila, como em uma
inspeção militar. Fez uma inspeção geral dos pés a cabeça dos suspeitos, com
olhos graves que perfuravam as almas daqueles, simplesmente gemendo baixinho:
“hummm”, “huummmm”. Subitamente parou, fechou os olhos, levantou um dedo aos
céus para sentir a direção dos ventos, e com um gesto teatral apontou o mesmo
dedo para um senhor magro, calvo, que usava uns pequenos óculos redondos. O
homem diante do choque da descoberta de seu desatino baixou a cabeça e começou
a chorar. Os outros perguntaram ao delegado como ele havia descoberto. Que
segredo havia usado. O homem da lei respondeu que havia lido na lista as
conquistas do erudito. Engravidar uma ninfa? Tal ideia só poderia ter saído da
mente de um poeta.
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