O
Sábio e a Beleza
Um grande mestre que
a muito estava longe dos apetites da carne, um dia foi visitado por uma mulher
lindíssima. Ela no intuito de impressionar esse conhecido ermitão, vestiu o seu
vestido mais sensual, pintou-se e enfeitou-se com um esmero que a sua beleza
cegava de tanto brilho. Fez isso e foi até ele para lhe fazer uma única
pergunta:
“Meu adorado mestre,
vim aqui apenas para perguntar-lhe o porquê de não podemos viver para sempre”?
“Por acaso não seria mais produtivo se pudéssemos viver e produzir ininterruptamente
em prol do progresso do mundo”?
O sábio homem sorriu
do tom filosófico da jovem, e respondeu com voz calma:
“Se contentaria em
vestir apenas um vestido de dançarina por toda sua vida, em dançar para todos
os homens, em todas as festas, apenas dançar, e nada mais”? Não creio que
aguentasse, o incomodo de usar apenas um vestido, por quarenta, cinquenta anos,
e apenas dançar, e não fazer nada mais. Pois ansiar em ser algo mais é da
natureza humana. Por mais que duvide, por mais coisas que existam na terra em
termos materiais, não conseguiríamos fazer tudo que a nossa essência espiritual
necessitaria em uma única vida. Aqui nessa terra em que vivemos, é necessário
que mudemos de roupas muitas vezes, para que possamos cumprir infindáveis
tarefas e para que conheçamos muitas e muitas coisas, um monge não se veste
como um monge para ir à guerra, e tampouco um guerreiro de armadura faz as
tarefas do templo aparamentado para a guerra. Se vivesse para sempre com o
mesmo vestido de dançarina, o que faria se um dia cansasse de sua beleza de
mulher? Pois lhe afirmo preciosa filha, que a beleza física até ela cansa a
mente quando essa percebe a verdade do mundo. Por acaso gostaria de ser uma
vestimenta, ou de ser aquele que é o dono da vestimenta?
A bela mulher baixou
a cabeça em reverência, e agora acrescentada da formosura do conhecimento, se
retirou da presença do sábio homem.
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