quinta-feira, 22 de novembro de 2012


 
 
O Sábio e a Beleza

 

Um grande mestre que a muito estava longe dos apetites da carne, um dia foi visitado por uma mulher lindíssima. Ela no intuito de impressionar esse conhecido ermitão, vestiu o seu vestido mais sensual, pintou-se e enfeitou-se com um esmero que a sua beleza cegava de tanto brilho. Fez isso e foi até ele para lhe fazer uma única pergunta:

“Meu adorado mestre, vim aqui apenas para perguntar-lhe o porquê de não podemos viver para sempre”? “Por acaso não seria mais produtivo se pudéssemos viver e produzir ininterruptamente em prol do progresso do mundo”?

O sábio homem sorriu do tom filosófico da jovem, e respondeu com voz calma:

“Se contentaria em vestir apenas um vestido de dançarina por toda sua vida, em dançar para todos os homens, em todas as festas, apenas dançar, e nada mais”? Não creio que aguentasse, o incomodo de usar apenas um vestido, por quarenta, cinquenta anos, e apenas dançar, e não fazer nada mais. Pois ansiar em ser algo mais é da natureza humana. Por mais que duvide, por mais coisas que existam na terra em termos materiais, não conseguiríamos fazer tudo que a nossa essência espiritual necessitaria em uma única vida. Aqui nessa terra em que vivemos, é necessário que mudemos de roupas muitas vezes, para que possamos cumprir infindáveis tarefas e para que conheçamos muitas e muitas coisas, um monge não se veste como um monge para ir à guerra, e tampouco um guerreiro de armadura faz as tarefas do templo aparamentado para a guerra. Se vivesse para sempre com o mesmo vestido de dançarina, o que faria se um dia cansasse de sua beleza de mulher? Pois lhe afirmo preciosa filha, que a beleza física até ela cansa a mente quando essa percebe a verdade do mundo. Por acaso gostaria de ser uma vestimenta, ou de ser aquele que é o dono da vestimenta?

A bela mulher baixou a cabeça em reverência, e agora acrescentada da formosura do conhecimento, se retirou da presença do sábio homem.

Nenhum comentário: