Acolhimento
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Você gosta de crianças não é Valério?
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Claro minha querida, um dia teremos os nossos. Só um momento, deixe-me ler essa
reportagem no computador...
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Mas você gosta de bebezinhos ou de crianças já crescidas? Eu ouvi dizer que são
praticamente a mesma coisa, que o que vale é o amor.
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Eu sinceramente não sei. Eu acho que você tem razão. Eu acho.
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É que crianças crescidas não precisam trocar fraldas, não choram a noite, não
tem aquela interminável fila de mamadeiras para preparar! Você não acha?
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Você está tão estranha. Você está bem?
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Eu só estou conversando.
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Sei. Você quer dizer alguma coisa, eu te conheço.
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E eu preciso dizer o que afinal?
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E eu sei lá, você é que esta estranha!
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Só porque falei em crianças?
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Não foi o que você falou, foi mais um ton estranho na sua voz.
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Como assim?
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Sei lá, como se quisesse alguma coisa, o seu aniversario já passou lembra? E
falta um pouquinho para o natal.
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Mas você é tão insensível com as coisas, não sei por que eu estou com você?
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Mas o que foi que eu disse dessa vez?
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Nada, só que não gosta de crianças!
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Mas eu não disse nada disso!
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Desculpe, eu sei, conheço você. Sei que gosta de crianças!
E
assim, Patrícia satisfeita soube em seu coração, que o seu filho, aquele de
onze anos de idade, um fruto oculto quase maduro de um antigo adultério, poderia
sair das sombras para a luz do sol. Para os olhos de Valério. Em dezembro. Perto
do Natal. Bem próximo do casamento.
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