quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Conto Cinco. Quem Não Gosta de Futebol?





O Campo Verde

Ainda era cedo e a levaram até o gramado. A artista improvável. Tudo brilhava e era um dia para não se esquecer. Alguns operários ligaram o sistema de irrigação automática e a água jorrou em esguichos simétricos. Um mais zeloso colocava uma rede novinha, branca como uma rosa branca. Ela achava tudo aquilo a maravilha das maravilhas. As pessoas começavam a chegar com suas roupas coloridas para a festa, e procuravam uma cadeira melhor lá no alto. Quatro rapazes traziam uma faixa verde e amarela, com alguma coisa escrita nela. Nessa primeira hora de cuidados, o sol já começava a sua descida briosa, rumo ao outro lado do planeta. Um menino escuro se aproximou e passou por sobre ela as mãos em um afago delicado. Existia uma expectativa no ar, todos podiam sentir uma espécie de eletricidade que voava por sob o campo verde. Uma sombra de estrutura se aproximava dela, enquanto os raios solares se afastavam enfraquecidos e frios. Parecia que dentre e pouco o espetáculo iria começar, e só esperavam os detalhes indispensáveis, prestímano, que fariam daquele lugar palco de um dos maiores espetáculos da terra. Depressa sem que ela percebesse o grande palco ficou cheio. Duas massas de cores diferentes agitavam bandeiras, aos gritos, a loucura.  Em um êxtase profundo e enigmático, os selecionados entraram. Um grande sábio, de autoridade, a abraçou com olhos graves, e lentamente, solenemente, a colocou no centro do palco. O gigantismo da ocasião, por uma razão mágica, causou a ela um transe extático, de uma sensação tão magnífica, que ela poderia ficar assim para sempre, parada no tempo e no espaço. Mas ao som divino de um apito, sente a primeira força. A lei da gravidade. E o seu corpo é impulsionado por uma energia cinética e astral. E nessa maravilhosa dança de Deus, encontra finalmente os pés do amado. Aquele que nervosamente, procura entender os seus caminhos e corre atrás da esperança. 






Nenhum comentário: