sábado, 30 de outubro de 2010

Conto Quinze. Devaneio de Um Casal.







Lembranças da Praia do Meio
Era um dia de frescor de pedras. E como a pele dela estava limpa e perfumada pelo mar, então ela se sentia muito bem. Começou a beijar o céu, olhando para o alto, lançando beijos como se fossem moedas de ouro. A sua direita um farol ao longe, dormia na esperança que viesse a noite. Da praia dos artistas veio uma musica serpenteando no ar, as notas musicais brilhando com os reflexos da luz, os tons eram orquestrados pelo sol, que no azul profundo, confundia o verde das ondas. A bela menina Maresia se espreguiçou sentada, na areia calma e abrasadora. de repente, duas mãos taparam-lhe as vistas. Era o Boto aquele rapaz vistoso que veio do asfalto. “Seios de conchas” ele disse, em um elogio atrevido. “Nuvens e céus” ela respondeu como a rebater o atrevimento e transformá-lo em recato. Ele sorriu e sentou-se. “Mas que dia! Você brilha menina!”. Confidencialmente, para quem os visse de longe, esses dois amantes eram aromas e imagens que se enleavam com a praia. Ao redor deles, vendedores pareciam pencas de búzios, e no ar volteavam pássaros pescadores. Ali perto, garotas passavam, e mostravam lubricamente, pêlos dourados e ancas redondas nos osculus do mar. Ondeando. Ondas e mais ondas. Mas que gosto de duna na preguiça da sombra. Boto, o rapaz, se afogava nos olhos de Maresia. ”Meu espírito aprecia e dorme” ele disse. Mas ela se sentia diferente. É no sentimento de escuma, ponderou, que aprendeu o amor. A energia do ontem dá a praia, e ela se lembra que ainda menina, viu coisas maravilhosas naquela praia em uma tarde mágica. Foi quando o segredo do mar abriu-se, os seus naufrágios. Ela lembrou e sorriu. E Boto ia à Maresia. Dois movimentos em um. Levantaram-se e foram até as rochas eternas que é no forte dos reis. Caminharam contentes e ligados por um laço de rosas invisíveis. Contornaram o muro de pedra do forte. E lá a viram: a lembrança que bóia. É lá onde o passado encontrava o presente, que veio a caricia no choque das ondas. Nesse amor renascido,Que viveram ternamente. E o dia cai súbito pelo alçapão do espaço. E eles ficaram, continuaram abraçados. Por esse encanto eles se lembrarão sempre desse dia. E esses dois corpos cintilarão na lembrança das eras.  Do amor simples, descomplicado. Eternos e invioláveis. Duvidam? São minha lembranças? Não são? De fato não tenho certeza. Apenas sei que é a mais pura verdade.

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