sábado, 30 de outubro de 2010

Conto Treze. Somos Animais Curiosos.







Entrega Rápida

As luzes da casa estavam apagadas, apenas um pequeno e lindo abajur no quarto podia ser visto, olhando-se por uma porta semi-aberta. Na sala garrafas e copos ao chão. Na escuridão alguns panos. Poderiam ser roupas jogadas ao acaso. Também dois livros abertos em algumas páginas obscuras que da penumbra pareciam dois tijolos de cimento. No ar um aroma estranho, estagnado e doce.  Aproximou-se da porta do quarto e viu, mas não acreditou. Na pouca claridade pode ver dois corpos nus e extenuados de tanto esforço. Agora entrelaçados, serenados na consolação. O carteiro meio surpreso estancou na porta. O pacote na mão. Seria gente mesmo, ou algo mais animalizado? Os dois corpos nus se mexiam de vez em quando, no enigma do sono. Uma mosca resoluta zuniu perto de seu ouvido, e foi pousar nas nádegas do "homem". Uma motocicleta passou lá fora fazendo um ruído estrídulo. E depois o silencio foi ganhando força. Nessa surpresa de entrega, um impasse foi criado. Mas às dezoito horas em ponto, na noite nova, o carteiro deixou o pacote e em uma oportunidade lasciva, antes de ir embora, filmou um pouco no telefone celular. No outro dia o “youtube” ganhava mais uma imagem, de um casal, que mostrava a todos que quisessem ver, o quanto gostamos de imperfeições. Um casal de macacos embriagados repousava mansamente.   

Nenhum comentário: